Entrevistas


Por: LSC
Boxe

Fernando Peneda – uma glória do boxe

Uma vida de pescador partilhada com as cordas do ringue. Mas foram estas que lhe permitiram alcançar a fama como boxeur de excepção: um campeão natural. Filho de Matosinhos e das gentes do mar, Fernando Peneda foi o fundador da secção de boxe do Leixões, clube que regressou por mérito à divisão maior do futebol.
 

Apaixonado pela disciplina da “nobre arte”, cujas regras foram estabelecidas há mais de um Século por um velho marquês britânico, Peneda tem vindo a treinar muitos jovens que procuram a confiança e o auto-controlo que o boxe proporciona. Ou seja, a lealdade do confronto cara-a-cara; “quando as mãos não chegam, não é com os pés que se vai lá”, diz-se na gíria do “meio”, em alusão à moda das novas artes de combate que têm vindo a surgir.
Tendo feito a tropa nos Comandos e pisado a ondulação das traineiras desde jovem, Fernando Peneda sabe que nada na vida de positivo se consegue sem luta: os alunos dele que o digam quando chegam ao final de um treino completamente exaustos. O boxe é um desporto de barba rija.
 

Peneda gostaria de ver o boxe, no nosso país, a nível de clubes, apoiado nos quatro grandes da modalidade: Leixões, Porto, Boavista e Sporting. Sobretudo em relação ao primeiro, o seu clube.
 

Parece que o presidente do Leixões, nos projectos que vai pôr em prática para engrandecimento do clube, não exclui Fernando Peneda da estratégia que definiu para o sucesso do Leixões em todas as áreas.

– O que é para si o boxe, Fernando Peneda?
– É um desporto para vencedores com força para triunfar na vida e no trabalho. É um desporto de humildade e honestidade, à custa de muito esforço físico. É para gente fora do comum e com uma dose de loucura.

 

– Não acha que os jovens se podem tornar violentos?
– O boxe ensina-lhes a domesticar a agressividade, porque no treino aprendem as regras leais do desportivismo. Aprendem a ser disciplinados e auto confiantes.

 

– Vários alunos seus têm tido êxito na modalidade, cá e no estrangeiro. Atribui isso a quê?
– À entrega, determinação e empenhamento dos atletas e, já agora, à orientação do treinador...

 

– Qual é a diferença entre o boxe e as chamadas artes marciais – ou a capoeira?
– O boxe é um desporto rigoroso e difícil. Destina-se a alguns dotados e vencedores. Não é uma via fácil porque obriga a dizer não a coisas que, infelizmente, atraem actualmente jovens de todos os meios sociais.

 

- O que deve um jovem saber se quiser praticar boxe?
– Tem de ser humilde com capacidade de sacrifício e saber aprender com o treinador. Tem de ter serenidade e auto-estima para conseguir resultados tanto em Portugal como lá fora. Tem de compreender que o boxe não é para arruaceiros. É um desporto de paciência e dedicação ao longo de muitos anos.